Música Clássica Online


          Olá, sejam bem vindos ao blog da música clássica, um recando destinado aos amantes dessa arte extraordinária.
          A música, dentre as diversas formas de expressões artísticas, talvez seja a mais acessível por conta de seu caráter universal. Sua origem se confunde com nossa própria existência. Os Homo sapiens já dedilhavam suas flautas artesanais há cerca de 200 mil anos. Surpreendentemente, os arqueólogos afirmam que as manifestações artísticas tiveram papel crucial para definir a sobrevivência e o domínio de nossos ancestrais frente aos nossos maiores rivais, os Neandertais. Isso porque elas permitiram um grau maior de interação e organização entre nossa espécie.
          A música é fundamental para o processo de formação cognitiva, afetiva, político-cultural, ela contribui para a dinâmica das transformações sociais. Não por acaso, tamanha sua influência na sociedade, por vezes já foi objeto de censura, aqui mesmo no Brasil, por meio do DCDP, órgão de Divisão de Censuras e Diversões Públicas, na época da Ditadura.
          É necessário conhecermos os processos de construção desta linguagem, sua estrutura, composição, para compreendermos melhor suas relações com o ambiente e com o desenvolvimento do próprio ser humano.
          Sob o enfoque cognitivo, é importante destacar alguns estudos. Schlaug, da Escola de Medicina de Harvard (EUA), e Gaser, da Universidade de Jena (Alemanha), revelaram que, ao comparar cérebros de músicos e não músicos, os do primeiro grupo apresentavam maior quantidade de massa cinzenta, particularmente nas regiões responsáveis pela audição, visão e controle motor (apud SHARON, 2000). Segundo esses autores, tocar um instrumento exige muito da audição e da motricidade fina das pessoas. O que estes autores perceberam, e vem ao encontro de muitos outros estudos e experimentos, é que a prática musical faz com que o cérebro funcione “em rede”: o indivíduo, ao ler determinado sinal na partitura, necessita passar essa informação (visual) ao cérebro; este, por sua vez, transmitirá à mão o movimento necessário (tato); ao final disso, o ouvido acusará se o movimento feito foi o correto (audição). Além disso, os instrumentistas apresentam muito mais coordenação na mão não dominante do que pessoas comuns. Segundo Gaser, o efeito do treinamento musical no cérebro é semelhante ao da prática de um esporte nos músculos. Será por isso que Platão já afirmava, há tantos séculos, que a música é a ginástica da alma?
          Outros estudos apontam também que, mesmo se o contato com a música for feito por apreciação, isto é, não tocando um instrumento, mas simplesmente ouvindo com atenção e propriedade (percebendo as nuances, entendendo a forma da composição), os estímulos cerebrais também são bastante intensos.
          Ao mesmo tempo que a música possibilita essa diversidade de estímulos, ela, por seu caráter relaxante, pode estimular a absorção de informações, isto é, a aprendizagem. Losavov, cientista búlgaro, desenvolveu uma pesquisa na qual observou grupos de crianças em situação de aprendizagem, e a um deles foi oferecida música clássica, em andamento lento, enquanto estavam tendo aulas. O resultado foi uma grande diferença, favorável ao grupo que ouviu música. A explicação do pesquisador é que ouvindo música clássica, lenta, a pessoa passa do nível alfa (alerta) para o nível beta (relaxados, mas atentos); baixando a ciclagem cerebral, aumentam as atividades dos neurônios e as sinapses tornam-se mais rápidas, facilitando a concentração e a aprendizagem (apud OSTRANDER e SCHOEDER, 1978).
          Outra linha de estudos aponta a proximidade entre a música e o raciocínio lógico-matemático. Segundo Schaw, Irvine e Rauscher (apud CAVALCANTE, 2004) pesquisadores da Universidade de Wisconsin, alunos que receberam aulas de música apresentavam resultados de 15 a 41% superiores em testes de proporções e frações do que os de outras crianças. Em outra investigação, Schaw verificou que alunos de 2a. série que faziam aulas de piano duas vezes por semana, apresentaram desempenho superior em matemática aos alunos de 4 ª série que não estudavam música.
          O que se pode concluir a esse respeito é que efetivamente a prática de música, seja pelo aprendizado de um instrumento, seja pela apreciação ativa, potencializa a aprendizagem cognitiva, particularmente no campo do raciocínio lógico, da memória, do espaço e do raciocínio abstrato.
          Tendo em vista os diversos benefícios que podem ser produzidos a partir do contato com uma musica de qualidade, criei este pequeno espaço para apresentar aos que não conhecem, o fantástico universo da música clássica, e aos já familiarizados, um espaço a mais para apreciá-la.


Antônio Carlos S. Silva - Violinista
antoniocarlosviolino@gmail.com


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Aracajú
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Maestro Júlio Medaglia








          Consagração Silenciosa

          Beethoven nasceu em Bonn, na Alemanha, em dezembro de 1770. Há quem diga que foi o maior gênio da música de todos os tempos. Outros afirmam que ele está além de qualquer classificação.
          Por ironia do destino, começou a perder sua audição depois dos 30 anos de idade, em 1807 já estava completamente surdo. Mesmo nessa condição, por incrível que pareça, Beethoven continuou tocando piano, regendo orquestras e, sobretudo, compondo. Aliás, suas obras mais famosas foram compostas quando ele estava parcialmente surdo, e sua obra prima, a Nona Sinfonia "Coral" foi composta quando ele já estava totalmente surdo, não podendo ouvir sua própria música.
          Em 1824 estreava sua obra derradeira: A Nona Sinfonia. O público sabia que estava diante de um marco na história da música. Aplaudiu durante longos minutos. Beethoven, ao contrário do que é mostrado no filme "Minha amada imortal", estava sentado na primeira fila e surdo, não percebeu. Foi preciso que alguém o fizesse dar meia volta para que ele pudesse ver o impacto de sua obra sobre o público. Para Beethoven, era a consagração silenciosa.